Quanto mais a situação sociopolítica se deteriora, mais os estádios de futebol ficam cheios. A energia elétrica tem aumentos sucessivos e extorsivos que se agregam aos preços dos demais produtos. Os impostos aumentam, metade do ano você trabalha para pagar tributos. E finalmente, o erário é desviado para o bolso de partidos sabidamente corruptos. Cidadãos morrem nas filas dos hospitais e nas escolas professores apanham de alunos. Mas, em fila de estádios, torcedores comparecem sorridentes com suas camisas fazendo propaganda de planos de saúde ou marca de pneu de carro.
Mas, tudo normal. O que importa é que os times estão jogando, jogadores faturam, patrocinadores idem, enquanto o torcedor junta dinheiro para ver o seu ídolo barrigudo perder gols. O patriotismo no Brasil está em alta: a começar pelos jogadores, que na primeira oportunidade assinam contratos com clubes europeus.
O verde-amarelo é muito visto em época de copas de mundo. Mas, na hora de se protestar contra uma quadrilha que se apossou do comando de um país, se é que isso ainda pode ser chamado de país, a bandeira do Brasil se recolhe, e somente os patriotas verdadeiros saem às ruas, sem medo.
O eterno retorno. A mesma filosofia romana do "pão e circo", só que agora o coliseu onde se jogavam cristãos para alimento de feras capturadas na selva do norte africano se chama "estádio". Os leões não estão mais em cena, mas do lado de fora torcidas se encontram para se digladiarem numa boa, num trucidamento leonino, marcação de guerra pela internet.
E amanhã, segunda-feira...
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